terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Quando me perguntam se acredito em amor

Quando me perguntam se acredito em amor

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada


O que me encanta no céu são as estrelas, passaria tempos olhando o infinito e me perguntando o que é realmente a vida, o viver, e quando lanço meu olhar para o alto, numa noite como esta de hoje, sou consumido pelo passado, me lembro de uma noite, quando lado a lado, ali ao sabor do mar, sentido a brisa do oceano, na ausência da luz, deitados, olhamos para as estrelas, sob o vinho do momento, um dos instantes eternos que guardo dentro de mim para a eternidade.

E quando alguém me pergunta se acredito em amor, digo que não, mas quando me perguntam se já amei um dia, digo que sim, e lembro de você, meus olhos marejados, busco disfarçar o que sinto, tento me perdoar, me desculpar, mas não consigo, não se vive um amor se passa incólume pela vida como se nada tivesse acontecido, e foi isso, você foi o acontecimento da minha vida, mas consigo sorrir, ao pensar que um dia amei alguém, alguém que foi você, que trago comigo, guardo comigo, com carinho, afeto, paixão e dor.

Respeito você, entendo suas razões, motivos, mas respeito mais ainda o que sinto dentro de mim, você vaga pelo meu pensamento, bagunça meus sentimentos, prende minha alma, aprisiona minha liberdade,penso muitas vezes que talvez você me leia e sorria, como sempre fez, que você esteja do outro lado da tela me vendo e rindo, um riso silencioso, uma paixão trancada, um amor eterno, uma vida imaginada, e só penso, há tempos deixei de buscar, de querer saber, entendi que vivo melhor assim, na ignorância da tua vida, dói menos em mim.

De todas as coisas que vivi até hoje, hoje tenho a certeza de que você foi a melhor delas, queria te dizer tantas coisas, falar, lugares que penso em te levar, planos e sonhos, esperanças e saudades, mas hoje guardo tudo numa caixa chamada coração, esqueci a senha, perdi a chave, não lembro o login, e como queria te puxar lá de dentro e oferecer a outra pessoa todo esse sentimento, esse amor, mas sua presença é como uma sombra que me segue, está sempre ali do lado, atrás, na frente, é como cicatriz, não larga, não me deixa, me puxa, me tranca, me cola, gruda.

Sei o quanto é bom amar alguém assim, e chego a sentir alegria, felicidade, sei também que dói não ter quem amamos por perto, do lado, para conversar, e choro, um momento que ninguém vê ou percebe, internamente, na mente, dentro de mim, sinto a tua falta, a sua ausência, mas decidi viver o que me falta, por entender que não posso violentar a decisão de alguém, de ninguém, pode saber que há coisas que a vida deve se encarregar de trazer de volta e que não há nada se possa fazer a não ser esperar, muitas vezes em vão.

E agora só tenho o medo, medo de não mais conseguir, não consigo dividir minha vida com outra pessoa, uma parte da minha vida, pois a outra parte está com você, e você nem usa, nem quer, nem devolve, nem vende ou empresta, vivo apenas do que me resta, metade de mim é saudade, desejo, vontade, lembrança, outra metade é dor, culpa, mágoa, outra parte é esperança, silêncio, é tudo que não sei contar, mas sinto, sinto, vivo cada hora, momento, as voltas do ponteiro, dias e noites, vivo apenas o que vivi com você, cenas de uma vida que se repetem dentro de mim, seguem comigo.

E se um dia outra vez me perguntarem se acredito em amor, sim, vou responder, pois amei um dia, e foi você, foi a você quem eu amei e vou continuar amando para todo o sempre, com todo o meu ser, e vou seguir, olhando para o futuro com o coração no passado, esperando que nesse balançar da vida tu um dia possas outra vez sorrir na minha frente e me perguntar como estou, se podes entrar, e ainda podes ficar, e direi que sim, sempre. 



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