domingo, 29 de dezembro de 2013

No meio da roda puxando quem está na beira

No meio da roda puxando quem está na beira

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Nas minhas últimas sessões de terapia disse a minha terapeuta que não queria mais ser aquele menino no canto da sala esperando que alguém pegasse na minha mão e por pena ou educação, ou talvez apenas por obrigação, me levasse ao centro da vida, agora eu queria mudar, queria estar no centro e  puxar aos outros para o meio da roda, quem estivesse na beira.

Cansei de encontrar minhas culpas, passei a assumir minhas responsabilidades, decidi ser melhor, trocei o sentimento de melindre por esperança, de drama por amor, se consegui? Certamente muitos vão dizer que não, mas não poderão dizer que não estou melhor, e 2013 foi um ano em que decidi melhorar, ser melhor, e acho que consegui sair do lugar no qual estava há muito tempo.

Quando você pensa na vida e faz as suas reflexões, pondera, pensa, percebe que só existe uma vida só você se arriscar a viver, e foi então que entendi a riqueza da existência, e ela só é rica pelas suas possibilidades, se pudermos viver, chorar, cantar, sorrir, andar, sentir saudade, arriscar, se arrepender, sofrer, sentir dor, como me disse um amigo semana passada, viver só vale a pena se a gente sofrer, entenda, ele me disse, melhores do que nós sofreram, por que a gente teria essa arrogância toda de não querer passar pelo sofrimento? Pensei e conclui que ele tinha mesmo razão.

Foi então que li o que a escritora Ana Elisa Ribeiro escreveu, “De que serve viver mornamente? De que serve avaliar o risco sem nunca arriscar? De que servem uma relação discreta, um apartamento alugado e uma noiva morta? De que serve o amor, sem a proximidade, o cuidado, a companhia? De que serve viver aos sussurros, mesmo diante da possibilidade do ridículo?”.

Foi o que pensei durante todo este ano de 2013, que por mais que tenha fracassado em alguns pontos, em muitos pontos, mesmo que tenha deixado a deseja em muitos outros, fiz e vivi muitas coisas boas, e isso, se pelo menos não equilibrou a balança, ao menos me ensinou muitas coisas, uma das principais a de que viver vale a pena, e as coisas só acontecem se a gente estiver vivo e se permitir, permitir que outras pessoas também possam viver ao seu lado.

A vida sempre será uma concessão, sempre será uma renúncia, uma oportunidade, um momento, uma hora, um instante, os quais chamo de eternidade, pois eterno é o que vivemos, é o primeiro beijo, o primeiro filho, o primeiro livro, a beijo na chuva, a primeira dor de amor, a pessoa querida que um dia perdemos, são coisas eternas, que vivemos que nunca jamais irão nos deixar, e mais, as saudades, as risadas, as boas conversas, as loucuras, conquistas, o mundo que não deixa de girar, as lágrimas, as lembranças, a vida enfim, o que vivemos como um todo, mas que a gente nunca volta a vida que um dia teve.

Deixo 2013 com uma sensação de dor e saudade, de mágoa e confusão, mas com muitas certezas, uma delas a de que tudo irá acontecer como deve acontecer, o amor virá, a paz, a segurança, mas junto com as coisas boas, as ruins, a balança nunca deixa de ser equilibrada, não seremos feliz sempre, completamente, mas mais ainda, deixo 2013, com a certeza e vontade de fazer um ano novo melhor, de mais coragem, criatividade e conquistas, não vou parar por aqui, não agora, como cantou Renato Russo, “teremos coisas bonitas pra contar, e até lá, vamos viver, temos muito ainda por fazer, não olhe pra trás, apenas começando, o mundo começa agora, apenas começando”



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