sábado, 21 de dezembro de 2013

Meu defeito de fábrica

Meu defeito de fábrica

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada

Meu defeito de fábrica é viver, enquanto uns dormem, quero ficar acordado para aproveitar a vida, ver o sol nascer, a lua brilhar, fazer da vida uma coisa viva, em simbiose com o que se há para viver, a vida.
É pelo meu defeito de fábrica que quero amar, me apaixonar, tomar banho de chuva, deitar no chão, sentir o sol, sair pelo mato, mee embriagar na literatura e viver romances de livros, aventuras de filmes, histórias de amor, guerras de travesseiros, brigas de mentirinhas, chorar de alegria, abraçar as pessoas, cantar no banheiro, olhar as estrelas.

É por meu defeito de fábrica que sonho acordado, que canto no escuro de olhos fechados e fico passando a vida em revista, que decido viver aquilo que não provei, que o que provei quero outra vez sentir o gosto, quero aprender a amar e saber perdoar, acreditar que o que um dia foi bom, outra vez poderá acontecer.

Meu defeito de fábrica, sem conserto, me faz encontrar os amigos, rir das coisas, da vida, conversar em grupo, tomar café, lembrar do passado, contar a infância, ouvir música, assistir filmes, sorrir de mim mesmo, sozinho, achar graça nas besteiras que fiz, me achar ridículo e mesmo assim não me culpar.

É meu defeito de fábrica que me põe um sonhador, poeta sem rumo, prosador quimérico, colocar no papel sentimentos e sonhos, ilusões e emoções, acreditando sempre em amor, em esperança, buscando superar a dor, os conflitos, as guerras, as dúvidas, para um dia encontrar a paz interior que tanto anseio.

Vim com esse defeito de fábrica, que tentar ser melhor, sorrir mais, sofrer menos, enxergar o lado bom da vida, das pessoas, tentar viver as coisas que precisam ser vividas, me aventurar nessa coisa chamada existência, um caminho sem volta, que sigo pelo prazer de existir e pela sensação gostosa de que estou vivendo as coisas que posso viver.

Com esse defeito meu de fábrica, não conto dinheiro, não meço distância, não reclamo das ausências, sinto as saudades, crio um futuro, espero, vivo o presente, guardo o bom do passado, tenho pressa, mas aprendi a esperar, a sentar no chão, a ouvir a vida, o som do vento, a contar as horas no seu lento tic e tac sem fim.

Mal fabricado que fui, não me nego o que ainda posso viver, e viveria muitas coisas, agora mais maduro, seguiria um caminho diferente, mas amaria as mesmas pessoas, iria aos mesmos lugares, não diria as mesmas coisas, procuraria sentir as coisas de outra forma, calaria mais, entendia melhor, compreenderia o necessário e ajudaria sem parar.

Fui fabricado errado, para não esperar pelo destino, mas para acreditar que ele precisa acontecer através das minhas ações e meu atos, que preciso ir de encontro ao meu caminho, seguir, e não esperar que a estrada passe por mim, é o meu erro que diz que preciso não perder tempo, que preciso combater o bom combate, que tenho que sair do canto da sala, quando esperava que alguém me tirasse para dançar, agora eu vou ao centro do salão e chamo quem quiser dançar comigo essa música que chamam vida.

É o meu defeito de fábrica, sem conserto, sem cura, sem fim, é essa minha necessidade de viver, de estar vivo, de sentir a vida, de gostar da existência que me move, me consome e me impulsiona tudo dia, toda hora, a vida toda.




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