sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Como folhas secas, coração livre, solto no vento

Como folhas secas, coração livre, solto no vento

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada. 03/10/2014

Até sei o quanto é bom gostar de alguém e ter esse alguém junto, perto, ao lado, mas também sei que muitas vezes na vida nos sentimos como folhas secas soltas pelo vento flutuando sem destino, quando o nosso coração prefere as férias ao trabalho árduo de uma relação, com suas renúncias e paciências.
Ainda não aprendemos amar, talvez a gostar, mas ainda somos possessivos, ciumentos, inseguros, medrosos, por isso sofremos, não sabemos ser livres, apesar de nos proclamarmos moderninhos, mas em nossas relações ainda somos atávicos e caretas, como se dizia na década de 80.

Sabotamos nossas vidas, nossos amores, antecipamos dores, imaginamos destinos, inventamos algozes e nos colocamos sempre como vítimas, somos carentes, queremos atenção, mas como crianças, infantis que somos, apenas cobramos, não sabemos nos permitir, e quando isso acontece, imputamos cobranças se recebemos menos daquilo que devotamos.

Não resta dúvida que a solidão ainda é a nossa maior tirana, nos consome, agride, perturba, por medo dela nos arriscamos, perdemos a nossa paz, elegemos guerras, gritamos de dor no silêncio do nosso interior, nos expomos, nos fazemos ridículos, perdemos a noção do perigo, da ordem, e muitas vezes pagamos um preço alto para uma vida tão barata.

Invejo, um sentimento sadio, pessoas bem resolvidas no amor, em paz com suas emoções, de bem com os seus sentimentos, no entanto, devo admitir, que está com o coração livre, desocupado, com sinal, sem funcionar ou bater por alguém, é uma sensação de liberdade, de conforto, por saber as dores que “gostar” pode muitas vezes nos trazer e nos fazer sentir e sofrer.

Não que não se acredite em amor, como muitas vezes costumo dizer, mas por hora, no momento, todas as ilusões foram perdidas, todos os sonhos dispersos, as esperanças guardadas, os sentimentos amarrados, talvez com a impressão de que não haverá mais nada a viver nessa campo, talvez por saber que o momento é para outras coisas, destinar a atenção para um novo caminho, talvez por entender que tudo acontecerá naturalmente, um dia, ou não, talvez por nada disso ser realmente o que será, o que se pensa, talvez por não ter mesmo mais nada para se dizer a respeito.


No entanto, como folhas secas, flutuando pelo vento, sem destino, sem compromisso de voltar, sem obrigação de ir, apenas esperando cair em algum ou qualquer lugar quando parar um dia de soprar a respiração do mundo, o respiração do destino, se um dia parar. 

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