Faltou tempo, sobrou
café, deu em livros
Ronaldo Magella 20/03/2016
Sempre acaba em livros quando pessoas interessantes sentam
pra conversar, sempre acaba em literatura quando escritores sentam pra
discutir, sempre tem café quando gente interessante senta pra viver alguma
coisa.
E foi assim. Café, livros, literatura, escritores, vida,
morte, amores, solidão, ah, sim, chá, odeio chá, mas confesso que achei o chá
vermelho atraente, mas odeio chá. E foi assim.
Juntos, já sabíamos, mas era preciso afirmar, já estamos descendo
a ladeira e agora estamos puxando o freio, indo com calma, foi consenso, o que
importa agora é ouvir e falar, nada de pular, de esticar, são as ideias que
importam, o som pouco, a fala baixa, o pensamento alto, o espírito em febre, a
alegria em encontrar ressonância.
Feliz daquele que tem companhia para conversar sobre coisas
pelas quais tem interesse, parece que a vida se torna mais amena e gostosa,
simples e eterna, afinidades, cumplicidade, simpatia, que é quase amor, é disso
que precisamos, é isso que amamos, é isso que não tenho.
Todo escritor é solitário, escreve sozinho, pensa só, como se
vivesse numa bolha, por mais que tenha amores e companhia, sua solidão é
interna, mental, espiritual, seu sofrimento não pode ser dividido, sua angústia
é viver e pensar, ah pensar, como pensam esses seres.
Pensar dói, mesmo que alguém diga que pensar é transgredir,
que pensar não engorda, tenho em mim a sensação, já muito percebida, que pensar
dói, e muito, e quando você consegue enxergar o que mais ninguém consegue ver,
dói mais ainda. Ou se toma um café, e escreve, ou se escreve, e toma um café. Ou....
Loucos, chega, é hora de ir, a vida pra tocar, se come o feijão, se engole
o choro, se volta ao real, bem vindo vida, prazer ao que resta, é o que temos,
falou mais alto o que somos.
Fomos embora, sem saber se iremos voltar, muda a palavra,
sobra a sensação, fica o tempo, de tempo, acabou o café, ainda temos livros.
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