quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O que faz falta

A falta que faz

Ronaldo Magella 16/02/2017

Outro dia, enquanto estava indo ao trabalho com um amigo, percebi uma cena daquelas, que quando a gente vive e está inserido talvez nem se dê conta, mas quando está de fora e sozinha faz muita diferença.

No meio do caminho a esposa dele ligou pra saber como ele estava, se estava tudo bem e se já tinha chegado. Na volta ela novamente ligou, mesmas perguntas, se já estava vindo, e ainda falaram algumas coisa banais do cotidiano dos casais.

Comentei com ele, é disso que sinto falta, ele me respondeu, mas não é só isso e sempre assim. Até sei, mas essa é a graça, a diferença, não ser igual, não se tornar uma repetição, um clichê, não cansar, o bom é o labo b, c, o que nos faz ter o que resolver, consertar pra seguir e melhorar.

Está sozinho e ter todas as opções de mundo, liberdade de escolha, ir pra onde quiser, fazer o que bem entender tem lá as suas vantagens, mas ter alguém que se preocupe com a gente, que cuide, se importe e nos espere também, pode ser muito gostoso de se viver.

Sei que a liberdade cansa, e muitas vezes ela é uma ilusão, sei que as relações muitas delas fracassam, sei que a solidão dói, mas tenho a leve sensação de que, apesar de todos os riscos e insegurança, apesar do medo e das incertezas, ter alguém e ser de alguém ainda pode ser uma experiência especial que faz toda a diferença na nossa existência.

A gente só se percebe disso quando está sozinho, quando encontra na rua dois casais felizes tomando um sorvete, parece banal, comum, até chato e tedioso, mas pra quem não está vivendo aquilo faz muita falta. Só na solidão a gente pode entender o valor de ter uma companhia pra discutir as coisas do dia, coisas da casa, do mundo, da vida, ter uma voz pra ouvir e um ouvido pra nos escutar.

Só na solidão a gente sente falta de andar de mãos dadas, de ter pra quem ligar, de ter pra quem ir e fica, sente do abraço da chegada, do coração acelerado pela espera, da ansiedade de encontrar e da saudade de despedida.

Sinto falta das conversas a dois, da companhia de alguém, de planejar o final de semana, de fazer compra juntos, preparar o jantar, sair pra conversar, ver o filme do momento, rir e até mesmo discutir por besteira e depois fazer as pazes, falta de tomar café ao lado de alguém, de acordar com um abraço quente, de ir dormir depois de um beijo, de receber uma ligação no meio da tarde, de esperar por alguém e ter alguém que me espere quando eu voltar.


E isso que faz falta. 

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