As pessoas dos sonhos
Ronaldo Magella 16/11/2015
Passei sete anos da minha vida apaixonado por uma loira linda
e perfeita que morava na rua, discreta, elegante, interessante, inteligente,
reta, um ideal de mulher, pensei que nunca iria esquecer aquele rosto, aquela
forma, aquele jeito. Pensei.
O tempo passou, conheci outras pessoas, me apaixonei outras
vezes, mas sempre, vez por outra, a trazia na lembrança, era um sentimento
marcado e marcante, até pensei que fosse dessas histórias que a gente vive na
infância e se reencontra lá na frente para viver pra o resto da vida algo que
no passado não foi possível. Pensei.
Com o tempo as pessoas vão se tornando passado em nossas
vidas, como fumaça que vai se dissolvendo no ar, pelo ar, com o ar, e tudo que
até tenha tinha um cor, cinza, começa a ser e ficar transparente, se
espalhando, indo, deixando de ser. É quando a gente percebe que a vida muda,
algumas pessoas andam, outras somem, seguem, morre, desaparecem, outras ficam,
vão, passam, muitas já nem fazem mais tanto efeito ou afeto como aconteceu no
passado.
Outro dia encontrei minha paixão da infância no Facebook.
Surpresa. Ela lembrava de mim, me achou diferente, maduro, mudado, claro, não
sentia mais a mesma coisa, mas queria saber como teria sido se houvesse sido
real, verdadeiro e concreto. Não conversamos muito, em pouco tempo percebi que
a minha paixão havia sido uma idealização, ela não era a pessoa que havia
sonhado um dia.
Não havia mais inteligência, nem beleza, nem encantamento,
não encontrei a perfeição que um dia pensei que houvesse, achei apenas ali um
mulher normal, superficial, insegura, conversadora, medroso e normal. Não sei
se o tempo a fez mudar ou se o tempo me fez perceber algo que antes não havia
natado.
Lembrei-me de Caetano Veloso, de perto ninguém é normal,
diria mais, de perto, ninguém é como pensamos.
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