segunda-feira, 16 de novembro de 2015

As pessoas dos sonhos

As pessoas dos sonhos

Ronaldo Magella 16/11/2015

Passei sete anos da minha vida apaixonado por uma loira linda e perfeita que morava na rua, discreta, elegante, interessante, inteligente, reta, um ideal de mulher, pensei que nunca iria esquecer aquele rosto, aquela forma, aquele jeito. Pensei.

O tempo passou, conheci outras pessoas, me apaixonei outras vezes, mas sempre, vez por outra, a trazia na lembrança, era um sentimento marcado e marcante, até pensei que fosse dessas histórias que a gente vive na infância e se reencontra lá na frente para viver pra o resto da vida algo que no passado não foi possível. Pensei.

Com o tempo as pessoas vão se tornando passado em nossas vidas, como fumaça que vai se dissolvendo no ar, pelo ar, com o ar, e tudo que até tenha tinha um cor, cinza, começa a ser e ficar transparente, se espalhando, indo, deixando de ser. É quando a gente percebe que a vida muda, algumas pessoas andam, outras somem, seguem, morre, desaparecem, outras ficam, vão, passam, muitas já nem fazem mais tanto efeito ou afeto como aconteceu no passado.

Outro dia encontrei minha paixão da infância no Facebook. Surpresa. Ela lembrava de mim, me achou diferente, maduro, mudado, claro, não sentia mais a mesma coisa, mas queria saber como teria sido se houvesse sido real, verdadeiro e concreto. Não conversamos muito, em pouco tempo percebi que a minha paixão havia sido uma idealização, ela não era a pessoa que havia sonhado um dia.

Não havia mais inteligência, nem beleza, nem encantamento, não encontrei a perfeição que um dia pensei que houvesse, achei apenas ali um mulher normal, superficial, insegura, conversadora, medroso e normal. Não sei se o tempo a fez mudar ou se o tempo me fez perceber algo que antes não havia natado.


Lembrei-me de Caetano Veloso, de perto ninguém é normal, diria mais, de perto, ninguém é como pensamos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário