De marte, prazer,
Ronaldo.
Parte I
Ronaldo Magella
17/11/2015
Não sei ser normal, até tento, constrangido, meio de lado,
mas não consigo. Sou de Marte, podem apostar nisso.
Não sei conversar sobre futebol, até tentei por um bom tempo
entender para ter o que conversar com os caras, mas não rolou, sou um fracasso
em matéria de esportes. Não contem comigo.
Nunca fui o primeiro a ser escolhido na pelada, nem no time
de vôlei, sempre fui o cara completa na falta de alguém. Falta um, ah, chama
Ronaldo. Decepção.
Não fui o melhor da classe, nunca tirei um dez na minha vida,
eu tinha outros interesses, mas isso não vem ao caso.
Sim, minha infância foi traumática, e isso me rendeu anos de
terapia depois dos 18 anos e ainda me curei.
Aos onze anos eu comecei a ouvir o punk rock do Titãs, na
época era o disco Cabeça de Dinossauro, e As Quatro Estações do Legião Urbana.
Foi aí que comecei a me distanciar da massa, do popular.
Não gosto de nada que faça meio sucesso no momento, não ouço
pagode, nem forró, nem sertanejo, nem gosto de balada. Realmente também não sei
o que estou fazendo nesse mundo.
Há uma cena no filme Sherlok Holmes, o primeiro, quando ele
diz, “não há lada lá fora que me interesse”. Me sinto assim. O mundo está muito
colorido.
Aos 15 passei a ler e não parei mais. Aprendi com Machado de
Assis e José de Alencar, Manoel Joaquim de Machado, Jorge Amado e José Lins do
Rego, não havia A Culpa É Das Estrelas, nem nada sobre vampiros que brilham no
sol, os meus vampiros tinham hábitos noturnos.
É, muita coisa mudou.
Não sei ser simpático, eu tento, mas sou um fracasso.
Não sei conversar sobre coisas banais ou simples, acho meio
sem graça falar sobre as funções do meu novo celular, ou sobre carros e suas
qualificações.
Sabe as pessoas simpáticas e legais que passam horas
discutindo coisas interessantes como o preço do feijão ou as funções de um aparelho
eletrônico ou a reforma da casa? Pois é, não sei ser assim.
Não gosto de fazer a mesma coisa, não gostou de pensar as
mesmas coisas, tenho boas intuições e elas funcionam, mas são frutos das minhas
reflexões dos meus pensamentos.
Sim, tenho um pé no lixo, ou jornalista, e isso me deixa ou me obriga a ter um pouco de normalidade na minha vida, o que muitas vezes, é um saco.
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