sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O gosto pelo grotesco e banal na cultura do Brasil

O gosto pelo grotesco e banal na cultura do Brasil

Ronaldo Magella - Jornalista

Seria irônico se não fosse triste e lamentável, mas o abismo cultural parece sem fim e longe de um final.

Nossos programas são de culinárias, nossas notícias são sobre famosos sem maquiagem, nossa diversão é acompanha pela tv pessoas confinadas, nossa a vida agora é nos expor nas redes sociais, eis um esboço do que estamos a viver e termos de arte e cultura.

A recente discussão na mídia sobre a separação de Joelma e Chimbinha, da banda Calypso, reflete e demonstra o atraso cultural ao qual estamos submetidos.

Os jornais, sites e meios de comunicação acompanharam a novela como se ali estivessem os últimos representantes da nossa qualidade musical e a separação era o maior evento digno de registro na cena cultural da sociedade brasileira dos últimos anos.

Não se discutia a qualidade musical, nenhuma genialidade artística, nenhum traço de vanguarda, nenhuma criatividade exuberante, apenas se noticiava uma separação, com tintas de tragédia e tons dramáticos.

Algo meio profético, a música brasileira antes de depois da separação de Joelma e Chimbinha, a maior banda do início do século XXI, chegou ao fim, depois que os seus integrantes brigaram, e a música brasileira perdeu um dos seus mais expoentes grupos musicais.

Deverão anunciar os livros de história daqui a alguns anos, nos lembrando da nossa riqueza artísticas desse início de século.

E pensar que há quase sem anos tínhamos a Semana de Arte Moderna no Rio de Janeiro.

O mundo tornou-se um ambiente, como diz uma amiga, tírneo, para não dizer negro, vamos falar em cinzas, melhor, mas vivemos uma época cada vez mais idiota e imbecil, cheio de superficialidade e discussões infantis e pueris.

Não há mais poetas, gênios, artistas, revolucionários, a coisa mais revolucionária dos últimos tempos é mudar a cor do perfil do seu Facebook e saber quem visitou o seu perfil no Twitter.

Ah, claro, há outras coisas interessantes, promovidas claro, pelo Facebook, na qual você saber da sua evolução fotográfica, pelas inúmeras fotos publicadas e postadas na rede, como você pode também saber com qual animal você combina mais ou se parece.

É pra chorar, como dizem, dói, gostaria até de rir, se não sentisse uma angústia latente dentro de mim ao perceber que a agora nossa cultura é postar tudo que fazemos e a nossa arte é tornar nossas fotos mais bonitas através de efeitos.

Estamos pobres e nunca estivemos são carentes de arte, cultura, música e movimentos sociais intensos de históricos.

A promoção em massa de fatos como o mencionando acima, da separação, e o acompanhamento por parte do público, ávido e voraz, sem nenhuma reflexão ou posição, mostra que estamos cada vez mais perdidos e sem rumo, e talvez o pior é que não queremos nos encontrar, há um certo gosto pelo grotesco e pelo banal.

Joelma tinha razão em chorar e a mídia tinha até obrigação em noticiar, pois o tempo ao qual vivemos estão cheios de lágrimas e vazios de nobreza.


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