quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Não sei viver sem meu lençol


Não sei viver sem meu lençol

Ronaldo Magella 11/11/2015 – Jornalista, escritor, poeta, professor.

Das poucas coisas que sobraram da minha infância, meu mulambo continua comigo.

Meu lençol já foi para Brasília, para o Rock In Rio, para quase todas as capitais do Nordeste, não sei dormir sem estar agarrado ao meu pedaço de pano.

A namorada até pode insistir para que eu durma do lado dela, ela pode me fazer todos os carinhos, mas sem o meu lençol não fico, não dá, prefiro ir pra casa.

Tem o meu cheiro, tem o meu jeito, é macio, é gostoso, é meu, faz parte de mim, é o meu sono.
Acho que todo mundo tem algo a qual se agarra durante toda a vida, no meu caso, é o meu lençol.
Odeio quando é lavado, nossa, fico pra morrer.

É estranho o lençol limpo, cheirando a sabão em pó e amaciante, mas com o tempo, pouco tempo, ele volta ao normal e ganha novamente a textura e o sabor de sempre.


Tem gente que chama de cheiroso, mulambo, cobertor, enfim, qualquer nome que se dê, mas o fim é sempre o mesmo, cheira, colocar na cabeça, ficar ali parado, pensando, quase dormindo com ele consolando os nossos pensamentos. 

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