O que te faz mudar?
Ronaldo Magella 22/09/2015
Não sei como mudar, mas sei que a gente muda muitas vezes na
vida, e também sei que não é possível
sempre ser o mesmo, ninguém se suporta, a gente não se suporta, a vida, como
cantou Lenine, pede um pouco mais de nós.
Talvez uma dor nos faça mudar, a solidão, a falta de empatia,
muitas vezes apenas a necessidade de ser diferente, outras vezes a vontade de
ser apenas quem a gente é e mais nada.
Isso, mudamos para ser o que somos. Mudamos para ser quem a
gente tem vontade de ser.
Enquanto a gente não é quem deseja, quer, jamais será
completo.
Uma amiga me conta que girou a vida em 360º.
Sempre fui
mimada, cheguei a ser miss, a garota mais bonita da cidade, sempre fui o foco
das atenções, mas não era o que queria, ou pelo menos, na época curtia, até não
suportar mais.
Como ela me conta, em conversa, hoje prefiro estar na minha,
discreta, gosto de observar, não quero ser olhada, gosto de olhar as pessoas,
não me vejo mais como o centro das atenções, agora são as coisas ou as pessoas que
prendem a minha atenção.
Sozinha, morando só, me diz que o silêncio provoca barulhos
ensurdecedores dentro dela, e me diz, estou no meu momento íntimo, a sós comigo
mesmo, crescendo, amadurecendo, me livrando dos pesos e descobrindo uma vida
que aos poucos vai se ajustando em mim, dentro de mim.
Ainda sou quem sempre fui, mas mudei o foco, atirei para
outras direções, deixei caminhos e abri veredas novas, cruzei pontes e
encontrei caminhos diferentes, estranhos, mas aconchegantes.
Primo pela liberdade, como um pássaro que pousa por vontade
em qualquer lugar, quero também encontrar o meu lugar, mas não por imposição,
mas por vontade, apreço e afeto. Quero pertencer a algum lugar, escolhido,
decidido e sonhado.
Algumas decisões são difíceis e árduas, mas trazem sempre
consigo sempre com o tempo suavidade e leveza, equilíbrio e serenidade. Nunca é
fácil mudar, é como tomar remédio, amarga no momento, mas alivia e conforta com
o tempo.
Quero provocar meus erros, sofrer e me erguer, mas através
das minhas decisões e escolhas, quero viver uma vida, a minha vida, não a vida sonhada
dos outros, pelos outros, quero a minha vida, pequena, simples, intensa, mas singular e única por ser minha e de mais ninguém.
Talvez minha amiga tenha encontrado o motivo para se
transformar em outra, em tantas, apenas ser o que sempre quis ser, ela e
somente ela, livre, liberta, dona de si e das próprias escolhas e responsável
pelos próprios erros.
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