quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Amar é permitir um pouco mais

Amar é permitir um pouco mais

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada.


Amar é permitir um pouco mais, é deixar que o outro escute a sua voz, entenda seus sonhos, veja suas lágrimas, escute o seu silêncio, cuide da sua dor, compreenda a sua incompreensão, entenda o que seu não pode ser entendido por mais ninguém, nem por você mesmo. 

Amar é conceder ao outro o impossível de você e o possível do que existe em você, é estender a mão e largar o braço, é emprestar o coração e doar a cabeça, é ir pelos mesmos caminhos e voltar pelas estradas já trilhadas. Amar é deixar que o outro entre um pouco mais, vai se chegando, reconhecendo seu sorriso e imaginando seus gostos, aprendendo seus medos e admirando suas fragilidades, pois não se ama de portas fechadas, de janelas cerradas, ama-se escancaradamente, de peito aberto, com os lábios entreabertos, com os olhos esbugalhados, com as mãos estendidas, com o pés eretos, os braços esticados, os ouvidos latejando, com a vida esborratando pelos cantos derramando pelo chão, alastrando-se pelos lugares. 

Amar é deixar ser quantas vezes forem necessárias, é calar o grito, é gritar o silêncio, é autorizar ao outro o seu sentimento, que ela possa adentrar, ficar, estar, é sinalizar ao outro que ele contempla o que tens de melhor, é deixar que tudo aconteça conforme as regras, os modelos, padrões. Amar é secar o copo e encher várias vezes, ir ao mesmo lugar sempre, gosta de tudo outra vez da mesma forma, se apaixonar todo dia pelo mesmo desejo, gostar novamente das mesmas maneiras, jeitos, é olhar sempre para o mesmo lugar sempre com um olhar diferente, é perdoar os defeitos, enxugar as falhar, esticar as afinidades. 

Amar é ser do mundo do outro, ir pelas beiradas, cavando suas cavernas, limpando suas esquinas, é deixar também o outro limpe o seu lixo, pinte suas paredes internas, organize seus  sentimentos, não existe amor trancado, sem acesso, o amor precisa de senha e login, precisa curtir, comentar e compartilhar, precisa publicar, postar, precisa se saber e saber que vive, que está vivo, que pode sentir e ser sentido, o outro precisa se sentir importante, que faz parte da vida, que é vida também para o outro, que estão juntos, vivendo um mesmo universo, uma mesma existência. 

Não existe amar pelos dois, os dois amam, se vivem, se curtem, se gostam, se morrem, se perdem, se acham, se cantam, se pedem, se desejam, se sentem, se precisam, se choram, se acabam e se encontram, pois amar é se permitir e permitir, é deixar e deixar, é estar e ficar, é esperar e ir, é saber e conhecer, é ter e sentir falta, é gostar e também ter raiva para depois saber reconsiderar, pois isso é amar, pois não é da somas das compreensões que sabemos que amamos, mas do resultados das incompreensões, e dos desentendimentos, uma vez que a vida não é perfeita, logo, o amor, incluso, não poderia ser contrário a vida. 

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