sexta-feira, 2 de outubro de 2015

E se a gente não precisasse mais de amor?

E se a gente não precisasse mais de amor?

Ronaldo Magella 02/10/2015

Talvez em algum momento da vida ou da nossa história a gente tenha confundido amor com companhia, necessidade com obrigação, vontade com desejo.

Há um momento em que você para e olha ao seu redor e percebe que todo mundo está envolvido de alguma forma com o tema.

Uns sofrendo, outra procurando, uns seguros, outros em dúvidas, outros acompanhados e insatisfeitos, embora resignados, muitos indiferentes, mas penso que esse talvez seja o grande tema da nossa história, a carência, a solidão, a ausência de afetos, a falta de amor ou a violência que a sociedade nos impõe para seguirmos o padrão, como um comercial de margarina.

É claro que somos seres realizados no afeto e na companhia de alguém, no conforto de um carinho e no prazer dos nossos corpos, nas relações que são construídas para nos permitir uma vivência mais ampla da existência.

Afinal, é no outro, com outro, de outro, pelo outro que nos identificamos, nos reproduzimos e nos permitimos, mas isso não se constitui uma obrigação.

Sim, precisamos de companhia, mas não de amor, ninguém vive sozinho, mas isso não quer dizer que tenhamos que ter alguém sempre ao nosso lado para nos satisfazer e chamarmos de meu, o nosso amor, a razão da nossa vida.

Empobrece a existência nos resumirmos a uma única só pessoa que possa despertar o melhor de nós.

Sim, há e temos certa necessidade de pessoas, precisamos de gente, só os heróis vivem sozinhos, mas não somos obrigados, e essa obrigação é que nos cansa muitas vezes e nos faz tomar atitudes que poderão nos decepcionar, magoar e ferir.

O desejo é permanente, mas a vontade dá e passa, e quando ela passa a gente percebe que ela não era tão forte e que sim era possível viver sem aquilo que tanto desejávamos.  

A maior, penso, talvez, sensação de liberdade e felicidade é quando a gente consegue viver em paz consigo mesmo, quando não precisamos seguir e nem fazer parte do rebanho, quando encontramos em nós os elementos necessários para vivermos bem e com uma certa sensação de alegria estampada na face.



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