quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Sobre esperas

Sobre esperas

Ronaldo Magella 01/09/2015

O filme A casa do lago, com Keanu Reeves e Sandra Bullock, fala sobre esperas, em questão, de tempo, e não do tempo.

De tempo, pois por uma licença poética envolvida nas teorias de espaço tempo da física quântica, os casais estão em épocas diferentes, ele, 2004, ela, 2006, e precisam esperar o ponto de mutação, em comum entre eles, não pelo tempo deles, mas pelo tempo da vida.

E ao longo dessas espera deixam pessoas, vivem sozinhos, se descobrem, descobrem coisas, aprendem a viver, vivem e amam de forma distante e  solitária. E mais.

Enquanto isso, o dia, o tempo não chega, trocam correspondência, como se não houvesse já internet e celular, mas tudo bem, é apenas um filme, e isso num filme é permitido, cometer algumas omissões, e nas cartas que escrevem um para o outro, tendo como ponto de chegada e partida a casa do lago, que ambos moram, mas em época diferentes, se conhecem, se apaixonam e decidem esperar.

O engraçado é que os personagens leem o livro da Jane Austen, Persuasão, que narra a história de um casal que se encontra num momento errado, meio clichê, as pessoas certas, na hora errada, no local perfeito, o tempo errado, com a vida diferente, com os sentimentos afins, e eles no futuro irão se encontrar e vão perceber que, agora no momento certo, não existe mais os sentimentos afins, a hora é boa, mas a vida ruim, e decidem não viver.

O tempo também mata nossa vontade.

E isso ainda me lembra outro livro, A moreninha, de Joaquim Manoel de Macedo, marco do movimento romântico no Brasil.

Duas crianças se conhecem numa praia num dia se sol, fazem juras de um dia se encontrarem, num futuro, e então, adolescentes, mais tarde, se acham, mas não se reconhecem, porém, se apaixonam, como se fosse mesmo o destino, como se realmente tivessem que ficar juntos, como se fosse realmente para serem um só, e por fim se descobrem e pow. Viva o amor.

Mas eu deveria falar sobre esperas, muito embora até o momento tenha citado a arte para discorrer sobre o assunto, me vem algumas perguntas, o que devemos esperar? Pelo quê? Por quem?  Como? Por quê? Ah vida.

A vida é assim, muitas vezes você encontra a pessoa certa, na hora errada, outras vezes é o seu momento, mas não é o momento da pessoa, ou é tempo dela, mas não é o seu, diferente, ambos não podem, mas querem, ou querem, mas não podem, e assim vivemos.

Ainda sobre espera, a gente pode esperar pelo momento certo, mas esse pode nunca chegar, ou pode ter pressa e comer cu, como dizia um amigo, quem se avessa come cru, mas ainda assim como, podemos optar outras formas e meios, mas sempre, sempre, só se pode esperar por algo que queremos, desejamos e sonhamos. Talvez você até me diga, o que tiver de ser, será, mas se será, prefiro acreditar que seja e já.

Muitas vezes podemos empurrar o destino e fazer acontecer, como cantou Vandré, quem sabe faz a hora, não espera acontecer, a distância não melhora, o tempo não aprofunda, o silêncio não resolve. E esperar não aproxima.

Mas não disse quase nada sobre esperas, e nem sei se tenho algo a dizer, muito embora já esteja esperando, e muitas vezes espero por algo que nunca irá acontecer, chegar, vir.

Por fim, confesso que tenho pressa em coisas boas, em viver, em amar, em ser feliz, se alguém acha que essas coisas devem ter um momento para acontecerem, diria as queria vivenciá-las agora enquanto posso, depois não me interessa, o que for bom tenho pressa.


Mas enfim, é sobre esperas, ne? Então....

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