terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Das coisas boas da vida

Das coisas boas da vida

Ronaldo Magella – professor, poeta, escritor, blogueiro, radialista, jornalista e mais nada (15-01-1014)

Como dizem, olhar não tira pedaço, diria que, provar não vai matar. Da série, morro e não vejo tudo, mudaria para, quero ver e provar tudo que puder antes de morrer, quero agregar valor a existência, me permitindo coisas, abraçando a vida, olhando o destino, vivendo o que precisa ser vivido.

Viver o que a vida pode nos proporcionar é ainda uma das coisas mais fantásticas da existência, Cazuza tinha mesmo razão, piedade pra quem não sabe amar, vive contando dinheiro e não muda quando é dia de lua cheia, para quem tem medo de viver, se esconde atrás de um pensamento careta classe média para não viver, com medo de pecar de ir para inferno, não acredito inferno, menos ainda em céu, acredito em provar o sabor da vida, o doce da existência, sair do quarto e ganhar as ruas, olhar a lua, contar estrelas, tomar um porre, caminhar descalço, pequenas grandes coisas que irão nos acompanhar para o resto da vida, e como penso e costumo dizer, envelhecer só tem sentido se tivermos histórias para contar, saudades para sentir, lembranças para buscar.
Sei que perdi já muitas coisas, como diz um amigo, com medo de viver, mas a idade, penso em chamar de maturidade, me permitiu alargar os horizontes, provar um pouco da vida, saber a cor do mundo, sentir o perfume das coisas, cruzar os caminhos possíveis, rir das coisas engraçadas e chorar das tristes, eis o sentido da vida, só é um, viver.

Não me canso de dizer e repetir, a coisa mais importante da vida é viver, vivendo as coisas acontecem. Volto a citar o poeta Cazuza, quando cantou, solidão é pra quem ficar em casa fazendo fica, solidão, diria mais, é pra quem tem preguiça de viver, para quem não quer abrir os olhos e ver além, ariscar, deixar tudo acontecer, vibrar de emoções pelo que pode nos acontece, fazer parte da coisa, encontrar a graça do moído, como dizem.

Um pouco de tudo, de tudo um pouco, rir de si mesmo no espelho, morrer de paixão, sentir saudades, sair da gente de vez em quando ou de vez em nunca, esquecer nossos modelos e nossos padrões, só para poder dizer, eu vi, eu senti, eu provei, eu vivi e agora posso contar, não sei se foi bom ou ruim, talvez nem esperava que fosse alguma coisa, mas só posso contar, falar, dizer aquilo que um dia puder viver, provar, sentir, por isso danço sem saber, me jogo na água sem saber nadar, caminho cansando e me deito esperando o sono chegar, faço sempre o que gosto, mas me permito também ir de encontro ao que não gosto, pois pode ser que até um dia venha a gostar, aceito convite, choro em velório, sento na calçada, vou a feira, converso com os animais, rego as plantas, penso na vida, mas também vivo a vida da forma que posso e devo.

Já perdi muita coisa, hoje não perco mais, muitas vezes disse, eu não sou assim, não faço isso, não posso, hoje penso que devo provar das coisas boas da vida, pois vou morrer e não vejo tudo, vou sair daqui e não provo tudo, vou embora e não sei tudo, sou sempre aquilo que me falta, resta, mas vou seguindo, vivendo, e vivo, tenho a vida e vivo para contar história, para carregar comigo com o passar do tempo, da vida, do destino as coisas que um dia tiver a chance de viver.

Vivo para poder me arrepender, e a gente irá se arrepender, ou das coisas que fez ou das coisas que não fez, prefiro me arrepender das coisas que fiz, pois mesmo as erradas, equivocadas, me deixaram algum ensinamento, mas o que deixei de fazer, das coisas que nunca pude sentir o sabor, dessas nem suspirar posso, nem escrever me atrevo.  


Viver, é isso que quero, e não importa o que seja, se sentir o perfume de uma flor, ou ganhar na loteria, beijar a mulher amada ou sentir solidão, ficar gordo ou lutar para emagrecer, não importa, desde que seja vida, e é isso que quero, viver, viver, viver e apenas isso viver. 

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